O que é Ateísmo?
Por motivos óbvios, crentes em Deus têm concepções erradas sobre o Ateísmo, mais ou menos como os fundamentalistas bíblicos sobre a Evolução, quando perguntam: “Se o homem veio do macaco, por que ainda existem macacos?”. Infelizmente, também algumas pessoas que se consideram ateias não sabem o que é Ateísmo.
As duas concepções erradas sobre o Ateísmo:
- “Ateísmo também é religião.” [Dizem religiosos]
- “Ateísmo é negação da existência de Deus.” [Dizem religiosos e alguns ateus]
Religião é crença no sobrenatural: deuses, anjos, demônios, espíritos, Céu, Inferno, reencarnação, milagres, etc. Sobre essas coisas religiões têm doutrinas, compiladas em livros “sagrados”, de que inclusive não se pode duvidar. A Bíblia e o Alcorão, por exemplo, ensinam que quem duvida do que está escrito nesses livros deve ser morto. Na maioria dos países, ridicularizar religiões dá cadeia. Ademais, religiões ditam o que é certo e o que é errado e o que deve e o que não deve ser feito e exigem a prática de rituais.
Ateísmo é descrença de deuses. Descrença — e nada mais. (De fato, ateus descreem de só um deus a mais que religiosos.) Acreditar, por exemplo, em Papai Noel tem conteúdo: como ele é, onde vive, o que faz e o que quer. O contrário, ou seja, não acreditar em Papai Noel, não tem conteúdo. Se não tem conteúdo, não ensina coisa alguma. Da mesma forma, descrer de Deus não exige e não manda fazer coisa alguma, nem de bom nem de mau. Logo, não há como Ateísmo ser religião.
- Religiões: Têm conteúdo, isto é, admoestações, advertências, ameaças, castigos, código de conduta, conselhos, diretrizes, dogmas, doutrinas, ensinamentos, instruções, leis, livros “sagrados”, mandamentos, normas, obrigações, preceitos, prescrições, princípios, promessas, regras, regulamentos e ditam como seus seguidores devem pensar e agir e o que devem combater.
- Ateísmo: Não tem conteúdo. É apenas descrença (de deuses). Logo, não manda fazer coisa alguma, nem de bom nem de mau.
Ateísmo não é afirmar que “Deus não existe”, e sim que “Não há evidências de que Deus existe”. Da mesma maneira como não é impossível que o Papai Noel exista, não é impossível que Deus exista. No entanto — por falta de evidências —, não há bons motivos para acreditar em Deus.
- “Sou ateu porque Deus não existe.” [Errado]
- “Sou ateu porque não há bons motivos para crer que Deus existe.” [Certo]
Visto que acreditar em coisas de que não se tem evidências é besteira, em Deus também.
A propósito, se, como dizem judeus, cristãos e muçulmanos, é preciso ter fé para não acreditar em Deus — razão por que dele descrer seria religião —, então é preciso ter fé também para não acreditar, por exemplo, em Zeus. Javé, o deus da Bíblia, e Alá, o deus do Alcorão, são apenas dois deuses dentre os milhares de deuses das mais variadas religiões. Assim como judeus, cristãos e muçulmanos não veem motivos para acreditar nos deuses das outras religiões (pelo que, aliás, não perdem um segundo sequer de sono), ateus não veem motivos para acreditar nos deuses das religiões judaica, cristã e muçulmana.
A Bíblia, por exemplo, diz que “Sem fé é impossível agradar a Deus. Quem deseja se aproximar de Deus deve crer que ele existe” (Hebreus 11:6). Ora, se para crer em Deus é necessário ter fé, a própria fé é evidência de que Deus não existe. Se Deus existisse, não haveria necessidade de ter fé, pois da existência dele ninguém duvidaria.
“Ateísmo é resultado natural de honestidade intelectual.”(Perdendo Tempo Com Deus)
Só Mais Uma Coisinha
Se Deus existe, por que, sob pena de ser por ele torturado num lago de fogo e enxofre, é mandatório bajulá-lo? Se o livre arbítrio, isto é, a liberdade de escolha, existe, também é uma criação divina. Se o Criador existe, foi ele quem criou em nós o gostar e o não gostar de coisas e pessoas. Castigo só é justo se consequência de atos maldosos. Ora, não gostar de certas pessoas, por sua maneira de agir, não é um ato maldoso. Por conseguinte, a liberdade de não gostar de Deus deve, para ele mesmo, ser perfeitamente natural. Se ele existe, Deus é autossuficiente o bastante para não só não exigir bajulação (visto ser narcisismo e infantilidade) como também magnânimo o bastante para nem sequer pensar em castigar quem, pela maneira de Deus de ser e agir, não quer ter nada a ver com ele, ou até o despreze. Supondo que Deus existe e é o deus da Bíblia ou do Alcorão, não quero ter nada a ver com ele. Se Deus é e age da maneira que esses livros contam, eu o desprezo. Ele me torturar num lago de fogo e enxofre por eu não gostar dele seria prova de que Deus merece ser desprezado.