Religião Dá Medo
© Paulo Bittencourt
Se cristãos lessem a Bíblia com atenção, sem filtro religioso, e estudassem História, mandariam o Cristianismo para os quintos dos infernos!
Além de que o homem foi feito dum boneco de barro; a mulher, da costela do homem, e cobras e jumentas falam, a Bíblia ensina que a Humanidade descende de incesto. Isso mesmo: A fim de povoar a Terra, os filhos e as filhas de Eva e Adão foram obrigados a forunfar entre si. O deus da Bíblia matou milhões de crianças, por exemplo no Dilúvio e no Egito. Quando Javé, conhecido também como Jeová, destruía (ou mandava destruir) cidades, iam para o beleléu não só os homens supostamente maus, mas também mulheres, idosos, doentes e crianças. Por causa de um mero senso ordenado por Davi, o rei mais queridinho de Deus, Javé mandou uma praga que matou mais de 70 mil pessoas, incluindo idosos, doentes e crianças. Ele era a favor de escravidão e poligamia (Davi foi abençoado com — ô, glória! — nove esposas). O apóstolo Paulo pôs a culpa pela miséria do mundo nas mulheres e lhes ordenou que, na igreja, fiquem de bico calado. Cristãos fizeram inúmeras guerras religiosas, matando milhões, como a Guerra dos Trinta Anos. Catolicismo e Protestantismo perseguiram, prenderam, torturaram e mataram muitos milhares dos próprios cristãos. Martinho Lutero maldizia as mulheres, instigava cristãos a queimar as “bruxas” e chegou a escrever um livreto conclamando seguidores de Jesus a tacar fogo nas casas dos judeus e até em sinagogas. Adolf Hitler tinha tanta admiração pelo pai da Reforma Protestante que o mencionou na bíblia nazista, o livro Mein Kampf, como um de seus heróis. João Calvino mandou Miguel Servet para a fogueira, só porque esse cientista espanhol rejeitava a doutrina da Trindade (que, como qualquer criança sabe, é absurda). Todos os reformadores parabenizaram Calvino por isso. Ulrico Zuínglio mandou o líder dos anabatistas, Felix Manz, ser afogado num rio, só porque eles eram pacifistas e contrários ao batismo de crianças. Filipe Melâncton defendeu os ricos e poderosos e incitou à morte de lavradores (que se revoltaram por serem tratados como lixo) na Guerra dos Camponeses. Obrigados pelo Catolicismo a se converter, judeus fugiram de Portugal e Espanha para a Holanda. Cristãos invadiram terras ao redor do mundo, aniquilaram suas culturas e religiões, roubaram suas riquezas e massacraram e escravizaram seus povos. Os protestantes ingleses confiscaram as terras dos católicos irlandeses, proibiram sua religião e os obrigaram a ir aos cultos da Igreja Anglicana. Havia prêmios em dinheiro para a captura de padres, centenas dos quais foram executados. Catolicismo e Protestantismo foram coniventes com Hitler e outros ditadores, como Francisco Franco (criador do Nacionalcatolicismo), António Salazar e Augusto Pinochet. No Brasil, pastores evangélicos trabalharam como delatores para a ditadura militar. Muitos cristãos encontram na Bíblia respaldo para teorias racistas (a Ku Klux Klan é uma organização evangélica). O Cristianismo ensina que membros duma família desfrutam o Paraíso enquanto outros membros queimam no Inferno, só por terem seguido uma religião “errada” ou não terem acreditado em Jesus, ainda que tenham sido boas pessoas e feito o bem. Evangélicos combatem a Ciência, ensinando absurdos, como o Universo ter só 6.000 anos e milhões de animais, incluindo dinossauros, terem cruzado continentes, inclusive atravessando oceanos, para entrar num barco. Cristãos são intolerantes com outras religiões (frequentemente, evangélicos vandalizam terreiros de Umbanda e depredam até igrejas católicas), têm aversão a descrentes e homossexuais e denominações cristãs (das quais existe uma verdadeira balbúrdia) se ridicularizam umas às outras. Pastores abusam dos púlpitos das igrejas para fazer proselitismo político. Muitos relatos bíblicos considerados essenciais não têm respaldo arqueológico, como o Êxodo, considerado um mito por arqueólogos até de Israel. Não há provas históricas nem mesmo de Jesus, pois os poucos textos que o mencionam, incluindo os Evangelhos, foram escritos décadas após sua suposta existência.
Cristãos desconhecem esses fatos, que são apenas alguns poucos exemplos, porque dogmatismo religioso causa desinteresse e até aversão pela pesquisa. Além disso, o Cristianismo ameaça de tortura num lago de fogo e enxofre a quem duvida, como se uma das coisas mais naturais do mundo, duvidar, fosse maldade.
Meu livro Liberto da Religião (O Inestimável Prazer de Ser Um Livre-Pensador) expõe uma carrada de absurdos, incoerências, contradições e erros da crença judaico-cristã, o que, mesmo assim, serve para outras religiões, uma vez que o fundamento de todas é o mesmo: jogar o cérebro no lixo e acreditar.
“Quem não se contenta com nada menos que ser 100% intelectualmente honesto é ateu, pois Ateísmo é o único posicionamento livre de incoerências e contradições.”